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1975, Álvaro Cunhal, democracia burguesa, forças reaccionárias, Revolução
O chamado «verão quente» de 1975, porventura nunca teria existido se, como afirma Álvaro Cunhal, «se tivesse verificado uma de duas situações: se a dinâmica da Revolução não tivesse ultrapassado, nos seus objectivos e realizações, os limites de uma democracia burguesa; ou se a dinâmica da Revolução tivesse conseguido derrotar inteiramente as forças reaccionárias, organizado um Estado ao serviço da revolução, instaurado a situação democrática em todo o País e criado portanto condições para que as eleições correspondessem à vontade do povo, efectivamente libertado da subjugação e coação física, económica, política, moral e religiosa, imposta pela reacção em grande parte do território». (A Revolução Portuguesa o Passado e o Futuro)
Mas falar do «verão quente» de 75 é falar de um período caracterizado por uma profunda crise político-militar, com graves repercussões no plano económico e social e que, no essencial, resultou, por um lado, da ruptura no campo democrático, com os dirigentes socialistas, que desde cedo desconfiaram e olharam com reserva para o processo revolucionário, a assumirem pesadas responsabilidades quando se comprometeram com a grande burguesia e se aliaram, de facto, às forças de direita, procurando entravar o processo revolucionário, e, por outro, da cisão do Movimento das Forças Armadas (MFA) entre o Grupo dos Nove e a Esquerda militar, quelevaria à desagregação e paralisação das estruturas superiores do MFA.
Um período que marcou uma intensa actividade das forças reaccionárias face a dois momentos importantes do processo revolucionário: a derrota, em 11 de Março, dos golpistas liderados por Spínola, que teve como consequência imediata a tomada de decisões históricas, nomeadamente a institucionalização do MFA, com a extinção da Junta de Salvação Nacional e do Conselho de Estado e a criação do Conselho da Revolução, a nacionalização da banca e dos seguros, de empresas como a TAP, a CP, a CIDLA, a SACOR, a Siderurgia Nacional e ainda o aumento do Salário Mínimo Nacional para quatro mil escudos; a vitória do PS nas eleições para a Assembleia Constituinte e a tentativa dos dirigentes socialistas de, procurando tirar ilações para além do objectivo da Assembleia Constituinte de elaborar uma nova Constituição, atirar estes resultados eleitorais contra a Revolução. Continuar a ler