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Vêm de longínquas praias brancas
em busca de paz e alimento.
Partem em pequenas embarcações,
casas sem raíz, nem cimento,
de um lado água, do outro aflições,
pela frente um mundo novo que se tranca.
Ei-los famintos, empilhados e bolsos rotos,
procurando moedas de espuma,
carregando às costas a própria urna,
perdidos na Via Láctea deste universo monstro.
Serão refugiados serão ratos?
Serão vítimas serão assépticos migrantes?
Ninguém sabe, ninguém quer saber,
se aqueles pés vão inclinados nos passos,
se aquelas barrigas levam crianças ainda por ter,
se aquelas mãos procuram só um ombro mais adiante.