Sempre tive uma grande inclinação pelas coisas políticas e filosóficas, pelos teóricos da filosofia e pelos teóricos da sociedade.
Sócrates, entrevista a urbi et orbi, jornal on-line da ubi, da Covilhã, da região centro e do resto, edição nº 80/14 a 20 Ago 2001
A ex-mulher de José Sócrates visitou hoje o antigo primeiro-ministro no presídio de Évora, e afirmou tê-lo encontrado “muito bem” e com “uma postura muito filosófica”.
Ler mais: visao.sapo.pt/… , 25/11/2014
Sócrates, nado em 1957, descende (em linha recta imaginária) de Sócrates (470-399 a. C.), filho do escultor Sofronisco e da parteira Fenareta. Como o inaugurador da escola, nutre afeição pela sabedoria da ambiguidade, isto é, preza o nascer e o renascer e o desfalecer da verdade. Entre vacilações, contradições, especulações, inovações, ocultações, negações, provações, obstinações. O seu patrono e confrade, mestre do infinito desconhecido e da relatividade do conhecido, foi dado à luz em Atenas, e frequentou diversas academias, sobretudo as da ágora, das oliveiras e dos amargores do presídio. Infelizmente nunca se proporcionou a visita do só sei que nada sei a Vilar de Maçada, e assim não se deu conta (há 2.500 anos) de que, numa aldeia transmontana, aguardaria parição e aparição um dilecto. É das contingências naturais. Então, Portugal não existia e os poucos helenos que se aventuravam neste extremo ocidental não levavam impressões abonatórias da península que viria a ser arrancada aos infiéis à pedrada e espadeirada. Os historiadores da época tratavam os nossos bravos e arreigados ascendentes por beócios. Ora os beócios eram habitantes da Beócia, província interior da Grécia. Os atenienses (os urbanos, alfabetizados ou viajados) consideravam os beócios avessos à higiene e grunhos em questões de relacionamento e licenças de raciocínio ou, na brandura galaico-duriense, labregos. Hoje, o território, in illo tempore qualificado de beociano, é um primor de limpeza, etiqueta e instrução, graças a um filósofo emergente – sim – o que cingiu os louros dos escrutínios e concitou as bênçãos dos poderes, gozando de irrestrito acesso ao Opistódomo do Rato. Assim se pronunciou numa passagem por Atenas, onde foi respirar o ar e fruir a aura dos clássicos:
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