Etiquetas
CDS, Passos e Costa, PS, PSD
Se tomarmos a sério os programas eleitorais, do PS e do PSD/CDS, podemos concluir que, nestes casos, convergem três linhas de força: a austeridade, a contabilidade (ou a falta dela), e a gramática.
Após oito anos de crescente endividamento e sucessivo empobrecimento do País, os programas destes partidos revelam, agora, insuspeitadas potencialidades da economia em geral e inusitadas linguagens sobre os seus comprometimentos eleitorais em particular.
A austeridade, contas feitas, cura. O crescimento económico, bem vistas as coisas, é uma certeza irreversível. E as promessas, mesmo que subordinadas a um envergonhado e condicionalíssimo «se», podem servir-se em qualquer bandeja eleitoral.
Estão os bolsos dos trabalhadores vazios? Estão, os idosos e reformados, feios e maltratados? Estão os desempregados, uns a aquecer à força no estrangeiro, outros a arrefecer o tempo em estágios ocupacionais e outros desaparecidos, pois já nada lhes aquece nem arrefece, despenteados das estatísticas?
Aparecem os programas eleitorais, com os seus cenários macro-económicos, com a sua meia-dúzia de contas marteladas, a que se juntam mais uma dúzia de «ses», e eis que, de repente, a pobre sociedade portuguesa sacode a sua melena competitiva entre os dez países mais ricos do mundo.
É inútil ler estes programas eleitorais. Os programas destes partidos não são para ler. São para ver. Os candidatos a deputados, eles próprios, não interessam. O que interessa é apanhar, nas urnas, o eleitor. E arrancar-lhes o voto.