Pedro Passos Coelho cedo se percebeu que pouco mais tinha do que a pose. Ajudava-o uma voz de barítono bem colocada, em treinos certamente erráticos – como tudo o que não fez na vida, a começar nos vários cursos e desembocando num de Economia, atamancado na Lusíada –, bem como um perfil de menino de Cascais à la page. O poder ir-lhe-ia caindo no colo através de amigos estratégicos do gabarito de Miguel Relvas e de Ângelo Correia, acabando – nem ele próprio saberá muito bem como –, em primeiro-ministro de Portugal.
Aí, a pose foi-se escarolando ao ritmo dos seus dislates, aqui chamando «piegas» aos portugueses, ali considerando o desemprego uma «oportunidade», além proclamando que «a ideia que se foi gerando de que um governo do PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento», mais à frente que «estas medidas põem o País a pão e água. Não se põe o País a pão e água por precaução» ou também que «para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados do IRS de modo a desonerar a classe média e baixa» ou ainda que «se formos governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português» e por aí fora até ao descrédito generalizado.