Os últimos dias acabaram por desmascarar a mais recente manobra de Paulo Portas e do CDS, que visava branquear as suas severas responsabilidades na condução da política de destruição deste Governo e aparecer como partido preocupado com a situação dos reformados. Depois de uma compungida declaração num domingo à tarde, em que «traçou uma linha» na nova taxa sobre as reformas anunciada por Passos Coelho, Portas e o CDS lá engoliram tudo e passaram a aceitar a integração desta taxa na lista das medidas comprometidas com a troika, dizendo que está lá mas não é obrigatório aplicar!
Mentira e demagogia à parte, o certo é que Portas e o CDS têm vindo a aplicar no Governo medidas da maior gravidade, que não atingem apenas os reformados, mas que também se lhes aplicam com enorme violência. Estiveram na redução do acesso ao subsídio de desemprego; nos cortes dos salários, pensões, reformas e subsídios de férias e Natal dos trabalhadores da Administração Pública e dos pensionistas e reformados; na lei dos despejos; no corte do abono de família; do complemento solidário para idosos e de outras prestações sociais; no aumento do IRS e do IMI; na subida do IVA da restauração e em tantas outras matérias que penalizam fortemente o povo português.
Portas e o CDS procuram demarcar-se de algumas medidas não por discordarem no fundamental das orientações políticas, mas porque a luta contra a política deste Governo e a consciência das suas consequências deixou o executivo PSD/CDS politicamente insustentável e já sem legitimidade democrática por falta de base social de apoio. Por isso a demissão do Governo é indispensável para travar esta ofensiva contra os direitos dos portugueses e os interesses do País, sendo uma condição para a conquista de uma política patriótica e de esquerda.