Da Grécia à Itália, passando pela Irlanda, por Portugal e pela Espanha, a zona do euro a partir de agora está em brasa. Os Estados não param de contrair empréstimos a juros cada vez mais altos e os contratos de seguros sobre as dívidas, quer sejam públicas ou privadas, vêem o montante dos seus prémios a evaporar-se. O euro está a morrer. Tudo isto estava previsto há vários meses [1] , ou mesmo há vários anos [2] . Mas nem Cassandra se alegraria por ver realizarem-se as suas previsões. Compreendemos que a morte do euro, dada a casmurrice imbecil dos nossos dirigentes e dada a sua incapacidade de prever uma saída organizada – o que, aliás, ainda seria possível actualmente -, nos condena muito provavelmente a um salto no desconhecido.
A História medirá a responsabilidade dos nossos governos que, por ideologia, por conformismo e por vezes por cobardia, deixaram a situação degradar-se até ao irreparável. Registará também a enorme culpa dos que, nas capitais nacionais como Bruxelas ou Frankfurt, procuraram impor à socapa uma Europa federal através da moeda única a povos que não a queriam. Agora não é apenas o euro, essa construção manca e deformada, que agoniza. É também um certo conceito da Europa.
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