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Andava há dias a hesitar sobre o entrar ou não entrar no debate sobre as pinturas da CDU nas escadarias na Universidade de Coimbra.
Primeiro, porque os universitários em geral e os de Coimbra em particular, tem um modo de nomear as coisas que pode intimidar os futricas como eu. Aliás, não sendo de Coimbra, nem sei se posso assim usurpar o “título”.
Quero dizer: àquilo que um vulgar cidadão chamaria porta, portão de ferro, ou simplesmente portão, o estudante de Coimbra chama pomposamente “Porta Férrea”… transformando o objecto numa entidade quase com personalidade; ao professor a que normalmente se chamaria Reitor… não resistem a chamar (nisto não estão sós) “Magnífico Reitor”… o que é muito mais majestoso, embora possa soar um pouco ridículo aos leigos; àquilo que qualquer pessoa normal chamaria escadas… eles chamam, estrepitosamente, “Escadas Monumentais”… deixando muito pouca margem para se classificar decentemente o Mosteiro da Batalha, ou os Jerónimos… mas adiante!
Terceiro, porque quase tudo o que, politicamente, havia a dizer sobre o assunto, já foi dito em jornais blogues e as suas respectivas áreas de comentário dos leitores, que foram inundadas de opiniões de sinais contrários, trocadas de forma normal, ou sob a forma de despejo de toneladas do habitual esterco ultrarreacionário.
Quarto, porque devo confessar ser avesso às pinturas de espaços públicos, sempre que os locais são mais “qualificados” do que os vulgares muros degradados, casas decrépitas (que não poucas vezes ficam a ganhar com as pinturas) ou pilares de viadutos. Acho sempre preferível que a propaganda seja feita recorrendo aos meios convencionais, não se colocando na posição de acabar por ser atacada, não pela mensagem, mas pelo local em que é divulgada.
Acontece que ao ver esta fotografia – descaradamente surripiada ao blog
“Aventar” – decidi que ela era a melhor “testemunha de defesa” da CDU em toda a polémica. Torna-se evidente que, neste caso, a CDU de Coimbra nunca poderia estar à espera de uma tal reação da parte dos estudantes que decidiram usar as pinturas como pretexto para fazerem o seu
pequeno espetáculo anticomunista… aos gritos de “Vandalismo! Vandalismo!”, pela simples razão de que
tem sido normal e repetida ao longo dos anos a utilização da porcaria das escadas para fins de propaganda política e como “cartaz” das diversas lutas estudantis.
Na verdade, muitas outras fotografias de pinturas monumentais feitas na vulgar escadaria desde os tempos do fascismo, poderiam ilustrar a hipocrisia rasteira dos meninos e meninas qua ali foram gritar a sua monumental mentira sobre o carácter sagrado dos degraus de pedra… mas esta, muito mais recente, mostrando as escadarias “monumentalmente vandalizadas” pela Juventude Socialista, poupa o trabalho de pesquisa.
Como nota final neste post e neste assunto, fica uma reflexão: das duas uma, ou os meninos e meninas das fardazinhas à estudante (costume irritante!),
oriundos da JS (onde milita o actual presidente da AAC), JSD e, como sempre, com a ajuda do CDS,
não conhecem a História das suas “Escadas Monumentais”, o que aconselharia que se informassem antes de fazerem a triste figura que fizeram…
ou então conhecem… e provaram que são excelentes alunos da cadeira de
“canalhice política”, uma “valência” que certamente os levará longe nos seus respetivos partidos.
(Obrigado samuel)
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