«Os portugueses têm demasiadas consultas médicas. É um consumismo da saúde», afirmou Ana Jorge, ministra da Saúde em exercício, durante uma conferência na Lourinhã.
Ouve-se e não se acredita: a senhora terá noção de que para milhões de portugueses esta afirmação é ofensiva? O que caracteriza a vida dos portugueses não são consultas a mais – são consultas a menos. Há dificuldades nos cuidados primários, preventivos, com larguíssimas centenas de milhares de utentes sem médico de família, numa situação que todos os dias se agrava com a saída de médicos do Serviço Nacional de Saúde. O encerramento de serviços de saúde, particularmente no interior do País, afastou ainda mais populações inteiras dos cuidados primários. São cada vez mais as especialidades médicas por cuja consulta se aguarda meses, para já não falar daquelas que são praticamente inexistentes no serviço público, como a medicina dentária ou a oftalmologia. Continuar a ler